9 de jul. de 2015

VLT no lugar do metrô em Porto Alegre

     Quando vim de Santigo com meus pais em 1980, cheguei à capital e tudo era novo, gigantesco e urbano.  A propósito, vim de trem e de cabine, foi meu presente de aniversário de 14 anos. E naquela época, Porto Alegre já acalentava o sonho de ter um metrô, talvez, como uma necessidade de status para integrar o grupo das grandes metrópoles mundiais. Mas o tempo passou, o trem que me trouxe deixou de circular, enquanto isso a população, a frota automotiva e a poluição aumentaram freneticamente. Contudo, a mobilidade urbana, conceito recorrente na última década, não conseguiu acompanhar o ritmo dos tempos.  Agora, voltamos ao debate do metrô da capital como a novo-velha solução para o grave problema da mobilidade e do risco de um colapso no nosso trânsito, como ocorre atualmente com grandes cidades do país.
     Os usuários do transporte coletivo sonham com um metrô, principalmente na hora do rush, um meio de transporte que respeita e dignifica o trabalhador e ainda atraia outros setores e camadas sociais que hoje não utilizam os ônibus, alegando falta de qualidade.
     Mas o caminho é longo, difícil e caro: “Muitos ficam maravilhados com o metrô de Paris, mas ele começou há 170 anos. Em dez anos, você não faz nada parecido”, pondera Luis Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus Latin America.
   Por todas estas razões, penso que devemos buscar alternativas, novas soluções em outros modais e defendo como forma viável em lugar do metrô, a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que é um pequeno trem urbano movido à eletricidade. Sua envergadura permite que sua estrutura de trilhos se encaixe harmonicamente nos centros urbanos modernos. O VLT é uma espécie de Metrô de Superfície. A trinta e cinco anos não imaginávamos que a boa e velha bicicleta poderia se transformar em uma alternativa de transporte para as grandes cidades, também é difícil acreditar que recém agora, estamos acordando para o potencial hidroviário que sempre esteve aqui ao nosso dispor. Saber que os mesmos trilhos dos trens de passageiros que ajudaram a desenvolver este estado ainda estão lá, subutilizados, apenas por poucos trens de carga. Só para não sair da região metropolitana, existe uma linha intacta, ou pior, criando mato, que vai de Porto Alegre a Nova Santa Rita, contornado Canoas, esta poderia muito bem ser utilizada como modal de transporte coletivo adequando vagões menos modernos do trensurb para trazer milhares de pessoas de Nova Santa Rita e dos bairros Mathias Velho e Harmonia, de Canoas para a capital. Por falar em Canoas, aqui estamos apostando no Aeromóvel que pode sim ser uma opção boa e barata para transportar com dignidade nossos cidadãos.
     Claro que um metrô novinho no subterrâneo da Avenida Farrapos seria maravilhoso, mas o custo elevado, em um contexto econômico difícil, onde os entes da união interessados e partícipes estão com problemas de contenção de despesas. Quando uma PPP “Parceria Pública Privada” é apontada como solução para o impasse, fica difícil de acreditar na viabilidade desta empreitada. Só para exemplificar, para cada passageiro de ônibus transportado, custa quatro vezes mais no VLT e vinte vezes mais no metrô. Com o valor dos mesmos onze quilômetros do projeto do metrô de Porto Alegre, se poderiam fazer cinquenta quilômetros de vias para o VLT, cidades como Montpellier (França), Rotterdam (Holanda), Houston (EUA), Porto (Portugal) e Londres (Inglaterra) só para dar alguns exemplos, utilizam com sucesso e muita modernidade o VLT como meio de transporte urbano para seus cidadãos e ainda enchem os olhos dos turistas que os visitam.
     Além do mais, o problema não para na obra e fim, o metrô é caro para fazer e mais caro ainda para manter, pois praticamente todos os metrôs do mundo são subsidiados, ou seja, o poder público tem que pagar um pouco de cada passagem se não fica muito caro e afugenta os usuários. Em Londres, cidade com uma das melhores redes, os especialistas estimam que a subvenção do governo esteja na casa dos bilhões ao ano, para garantir tarifas baixas e atratividade de passageiros. A PPP ou Parceria Pública Privada requer obviamente, dinheiro de investidores privados. Ora, não precisa nem ser capitalista para saber que o investimento privado pressupõe busca de lucro. Mas como buscar lucro em algo que desde o nascedouro se sabe que dá prejuízo e que o poder público que poderia arcar com a devolução com lucro do dinheiro privado, atualmente está com dificuldades de pagar até seus compromissos mais elementares.
     Minha contribuição é no sentido de apresentar uma reflexão para uma alternativa viável, moderna, limpa e financeiramente exequível para o transporte coletivo, da capital de todos os gaúchos.
Professor Julio Ribeiro
Sociólogo
Pós-Graduado em
Filosofia e Economia Política - PUCRS


VTL's pelo mundo


Cidade do Porto – Portugal

Montpellier (França)
Paris
Imagem: http://blogs.diariodepernambuco.com.br/mobilidadeurbana/2014/01/a-volta-dos-bondes-na-versao-vlt-como-alternativa-de-transporte/
Holanda

Strasbourg (França)
Imagem:
 http://qualidadeurbana.blogspot.com.br/2007/09/vlt-veiculo-leve-sobre-trilhos.html
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Metrô

Metro subterrâneo Madri
Imagem: http://www.institutoconstruir.org/



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