23 de jun. de 2015

Redução da maioridade penal ou da impunidade?






A Solução encontrada pelo Congresso Nacional para dar alguma resposta à sociedade, diante de um cenário de satanização da política, corrupção e fraude é requentar a Proposta de Emenda à Constituição que reduz a maioridade penal (PEC 171/93), como se isso por si só, fosse o mata-borrão dos males da Nação.
A meu ver, caso aprovada, o prejuízo será imenso para todos nós. Pois, o sistema penitenciário brasileiro está caótico e falido e não comporta nem mesmo a população carcerária já existente, além de serem dominados por facções criminosas que atuam dentro e fora dos grandes presídios, usados como espaço de constante aprimoramento para o crime e recrutamento compulsório de novos membros.
Nessa lógica, quanto mais jovem forem os infratores recolhidos aos grandes presídios, maior será a longevidade do criminoso. Contudo, muitos podem alegar que os bandidos usam os jovens para traficar, matar e carregar as armas. O que pode ser verdade, porém, o que impedirá o bandido aliciador de reduzir a idade também para o ingresso no crime, de 16 para 15 ou 14 anos?
Imagem Gnotícias
No âmago da questão está o clamor pelo combate a toda e qualquer impunidade, que as pessoas tenham a certeza da punibilidade, saibam que ao cometerem qualquer ato criminoso como matar, machucar, dirigir embriagado e causar acidentes, desmatar as florestas, jogar lixo em mananciais, adulterar leite, fraudar licitações, sonegar, roubar, enganar, lesar, traficar, ameaçar, maltratar crianças, idosos e até animais, seriam responsabilizados e presos.
Uma sociedade tolerante em demasia não educa seus cidadãos e não consegue estabelecer regras claras e transparentes a fim de fortalecer o aparato das instituições garantidoras da observância das normas. O que se forja nesse contexto, é o surgimento de políticos que relativizam o conceito de honestidade, além de naturalizar uma gama de relações gelatinosas pautadas pelo jeitinho e pela esperteza que permeiam todo o tecido social.

Julio Ribeiro
Professor, sociólogo e
Secretário Especial de Atendimento ao Cidadão

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