Muitas vezes quando cruzamos uma rua, um beco sombrio da cidade,
avistamos pessoas, ou pelo menos o que resta de sua humanidade; agrupadas,
maltrapilhas e na maioria das vezes com aspecto de sujas. Logo sabemos que se trata de usuários dependentes de drogas. Então,
quase que de imediato nos vem à indagação no pensamento: Qual a razão de alguém
conscientemente se desumanizar dessa maneira, deixar que o vício se torne a sua
razão de existir? Um prazer fugaz que vai apagando o que já foi ou tentou ser
um dia.
Esse é o ponto em que quero chegar, talvez, seja esta a
questão, tornar-se animalizado, ignorando todas as regras da sociedade para se
libertar daquilo que nunca fora. Transcender para um nada, como dizia
Haideguer, um nada social, um desistente que tira o traje biomecânico e deixa
só o animal inconsciente e alheio a todas as demandas e convenções da
sociedade, vivendo apenas pelo intenso e passageiro prazer da droga.
http://www.obrasilcoms.com.br/2013/06/andarilho-por-cao-guimaraes/
Assim, como tudo que é humano deve ser dotado de alguma
razão, esta aparente desrazão é que dá sentido a existência, como se esta auto
exclusão o tivesse transformado num inumano, uma sombra andante, sem regras,
sem convenções, um suicidado que vaga espiando a vida que desistiu de viver.
Quantos de nós já não fizemos isso por outros caminhos,
com sutileza e com menos radicalidade?
Julio Ribeiro
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