18 de ago. de 2015

A Razão da desrazão do Vício


Muitas vezes quando cruzamos uma rua, um beco sombrio da cidade, avistamos pessoas, ou pelo menos o que resta de sua humanidade; agrupadas, maltrapilhas e na maioria das vezes com aspecto de sujas. Logo sabemos que se trata de usuários dependentes de drogas. Então, quase que de imediato nos vem à indagação no pensamento: Qual a razão de alguém conscientemente se desumanizar dessa maneira, deixar que o vício se torne a sua razão de existir? Um prazer fugaz que vai apagando o que já foi ou tentou ser um dia.
Esse é o ponto em que quero chegar, talvez, seja esta a questão, tornar-se animalizado, ignorando todas as regras da sociedade para se libertar daquilo que nunca fora. Transcender para um nada, como dizia Haideguer, um nada social, um desistente que tira o traje biomecânico e deixa só o animal inconsciente e alheio a todas as demandas e convenções da sociedade, vivendo apenas pelo intenso e passageiro prazer da droga.
http://www.obrasilcoms.com.br/2013/06/andarilho-por-cao-guimaraes/
Assim, como tudo que é humano deve ser dotado de alguma razão, esta aparente desrazão é que dá sentido a existência, como se esta auto exclusão o tivesse transformado num inumano, uma sombra andante, sem regras, sem convenções, um suicidado que vaga espiando a vida que desistiu de viver.
Quantos de nós já não fizemos isso por outros caminhos, com sutileza e com menos radicalidade?

Julio Ribeiro

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