3 de ago. de 2015

Copom eleva juros e penaliza ainda mais a produção

Augusto Vasconcelos*

Reafirmamos nossa crítica veemente à mais uma elevação da taxa Selic decidida pela reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, ontem. Atendendo aos interesses do mercado financeiro, com apoio dos editorias da mídia hegemônica, o BC vira as costas para a indústria e o setor produtivo, penalizando a sociedade, especialmente os trabalhadores.

imagem: http://www.vermelho.org.br/noticia/258019-2

Com o novo aumento de 0,5%, a taxa chegou ao patamar de 14,25%, um verdadeiro absurdo em face do cenário de crise econômica internacional que nos atinge em cheio.

Desde a implantação do Plano Real, a Selic tem sido utilizada como equivocado instrumento para "supostamente" debelar a inflação, produzindo efeito colateral de ampliar a transferência de recursos do Tesouro para os maiores bancos, principais credores da dívida pública. O discurso do Ministério da Fazenda de que é necessário promover ajuste fiscal, cai por terra na medida em que cada elevação da Selic amplia significativamente o próprio endividamento público.

Precisamos fugir dessa armadilha. A inflação brasileira não deve ser combatida pela demanda, que inclusive está retraída em face do contexto desfavorável da economia. 

Temos que ampliar os investimentos produtivos e, para isso, necessitamos de condições mais propícias, o que certamente o aumento dos juros não nos atenderá. Em recente reunião das Centrais Sindicais com a presidenta da República, Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, reafirmei nossa posição contrária às medidas recessivas adotadas pela equipe econômica, ao tempo em que expressamos posição firme de defesa da democracia e preservação do ambiente institucional.

Em um momento onde se ensaiam tentativas de desestabilização institucional do país, com propostas de deposição da presidenta, não podemos flertar com posturas golpistas, até porque a saída de Dilma deixaria o caminho livre para que a captura do poder público fosse ainda maior por parte das grandes corporações econômicas, especialmente o sistema financeiro. Mas, ao passo em que disputamos a agenda nacional, devemos denunciar atitudes que dificultam a saída da crise e não contribuem para uma repactuação com setores da sociedade que querem verdadeiramente a transformação do país.

Todos os patriotas e lutadores sociais devem se unir nesse perigoso momento. Não sejamos ingênuos! Sigamos juntos contra o golpe, por mais democracia e mudanças na política econômica.


 *Advogado,
professor universitário,
Mestre em Políticas Sociais e Cidadania (UCSAL),
Especialista em Direito do Estado (UFBA),
Presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia,
integrante do Comitê Central do PCdoB. 

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